São Sebastião
Pedro Alexandrino, São Sebastião
c. 1804-1810 | Óleo sobre tela
Patriarcado de Lisboa
Natural de Narbona, na Gália, este antigo centurião da Primeira Corte de Diocleciano (ou Tribuno da Guarda Pretoriana, segundo alguns), viveu em Roma entre os séculos III e IV. Alvo de grande atenção e devoção, chegou a ser equiparado a S. Pedro e S. Paulo, em Roma. Inicialmente, a sua iconografia era bastante simples, pautando-se pela figuração de uma palma, ou de uma coroa de glória. No entanto, durante a Idade Média, o seu poder protector contra a Peste, granjeou-lhe uma crescente popularidade, que se manterá viva até ao século XVI, sendo associado aos outros santos protectores, S. Roque e S. Cristóvão. É precisamente nesta época, que se observa uma mutação da sua iconografia, por influência do Renascimento, aparecendo de corpo seminu, no famoso episódio da Sagitação, frequentemente (e incorrectamente) designado como o martírio do santo. A Sagitação de S. Sebastião foi, sem dúvida, o mais célebre e o mais divulgado de todos os temas da sua vida. Todavia, a sua popularidade não advém apenas dos novos cânones de beleza renascentista, e o ideal do nu masculino, mas sobretudo da associação à imagem de Cristo. De facto, esta representação do santo, preso a uma árvore (ou a uma coluna), alude aos temas da Paixão de Cristo – o Cristo atado à coluna da Flagelação - assim como as suas feridas, apontam para as cinco Chagas; e a árvore, à Santa Cruz. S. Sebastião foi também muito popular em Portugal, como o atestam as diversas invocações e representações existentes em todo o país.

Nuno Saldanha


Foto Nuno Saldanha