Natural de Narbona, na Gália, este antigo centurião da Primeira Corte de Diocleciano (ou Tribuno da Guarda Pretoriana, segundo alguns), viveu em Roma entre os séculos III e IV. Alvo de grande atenção e devoção, chegou a ser equiparado a S. Pedro e S. Paulo, em Roma. Inicialmente, a sua iconografia era bastante simples, pautando-se pela figuração de uma palma, ou de uma coroa de glória. No entanto, durante a Idade Média, o seu poder protector contra a Peste, granjeou-lhe uma crescente popularidade, que se manterá viva até ao século XVI, sendo associado aos outros santos protectores, S. Roque e S. Cristóvão. É precisamente nesta época, que se observa uma mutação da sua iconografia, por influência do Renascimento, aparecendo de corpo seminu, no famoso episódio da Sagitação, frequentemente (e incorrectamente) designado como o martírio do santo. A Sagitação de S. Sebastião foi, sem dúvida, o mais célebre e o mais divulgado de todos os temas da sua vida. Todavia, a sua popularidade não advém apenas dos novos cânones de beleza renascentista, e o ideal do nu masculino, mas sobretudo da associação à imagem de Cristo. De facto, esta representação do santo, preso a uma árvore (ou a uma coluna), alude aos temas da Paixão de Cristo – o Cristo atado à coluna da Flagelação - assim como as suas feridas, apontam para as cinco Chagas; e a árvore, à Santa Cruz. S. Sebastião foi também muito popular em Portugal, como o atestam as diversas invocações e representações existentes em todo o país.
Nuno Saldanha
Foto Nuno Saldanha