Santa Isabel de Portugal
André Gonçalves, O Milagre das Rosas
c. 1735-1740 | Óleo s/ tela
Igreja Menino Deus, Lisboa
Filha de D. Pedro de Aragão, Isabel (c. 1270-1336) nasceu em Saragoça, e casou com D. Dinis com apenas 12 anos, a quem se manteve ligada até à data da sua morte, em 1325. Viúva, retira-se para o convento de Santa Clara, em Coimbra, onde vive (embora não fazendo votos) os restantes 11 anos de vida, até ter sido atingida pela peste em Estremoz. Viria a ser beatificada pelo Papa Leão X em 1516, e canonizada pelo Papa Urbano VIII em 1625, por especial empenho da dinastia filipina, que colocou grande empenho nesse processo. Efectivamente, a sua popularidade não se cingiu a Portugal, sendo partilhada com Espanha, onde é também conhecida como Santa Isabel de Aragão, em razão das suas origens. São portanto igualmente numerosas as imagens produzidas por artistas espanhóis, e a eles se deve a difusão da sua imagem e o culto na América do Sul. Com uma iconografia bastante numerosa, divide-se entre temas históricos, episódios relacionados com a sua vida de rainha (Santa Isabel atravessando as linhas do exército de D. Diniz e do filho D. Afonso, a fim de evitar o combate), cenas da sua vida piedosa, e milagres que lhe estão associados. Assim, tanto pode ser representada como rainha, como vestida de clarissa, de bordão e coroada (tal como surge no seu túmulo, executado em 1330 por Mestre Pêro). Entre os seus atributos, para além das rosas associadas ao célebre milagre, da coroa (que pode estar caída no chão, ou sobre uma mesa, ao lado de um ceptro), conta-se um crucifixo, um livro, e até uma coroa de espinhos, em substituição da coroa real, naturalmente resultado de contaminações iconográficas, como sucede aliás, com o episódio do Milagre das Rosas, também ele emulado da lenda da tia materna, Santa Isabel da Hungria. Este, a partir do século XVI, tornou-se na sua imagem mais comum e divulgada, quando a lenda é largamente difundida.

Nuno Saldanha


Foto Nuno Saldanha