Beata Mafalda de Portugal
Giovanni Odazzi (1663-1731), Beata Mafalda salva o convento do incêndio (porm.), c. 1704-1725 | Óleo s/ tela
Museu de Arte Sacra de Arouca, Diocese do Porto
Filha do rei Sancho I (1154-1211) e de Dulce de Barcelona, infanta de Aragão (1152-1198), Mafalda encontra-se fortemente associada às suas irmãs, Teresa e Sancha, constituindo uma importante tríade no hagiológio nacional. Falecidas com fama de santidade, com um culto que se propagaria por todo o país, sobretudo entre a comunidade cisterciense, onde professaram. A sua beatificação, contudo, seria demorada, Teresa e Sancha, só obtiveram esse estatuto em 1705, por Clemente XI, e Mafalda, apenas em 1793, por Pio VI. A sua iconografia não é muito diversificada, e a sua divulgação só conheceu algum fôlego a partir dos finais do século XVII, quando se procedeu ao processo de beatificação das irmãs. Embora Mafalda tenha tido de esperar quase mais um século pelo privilégio da beatificação, tal não impediu que também acabasse por ser representada. Circunstância devida ao facto de, desde 1700, a Sagrada Congregação dos Ritos ter dado licença para se pintar a sua imagem, para além da figuração habitual das santas da ordem, retratada como abadessa, a mais comum é aquela em que as três irmãs surgem juntas. Para além dessa, inclui-se ainda esta representação de um dos seus milagres, quando Mafalda salva o mosteiro de Arouca de um incêndio, que Frei Bernardo de Castelo Branco, Geral da Ordem, encomendara em Roma, tanto em pintura como em gravura.

Nuno Saldanha